a irmandade da cueca

Porquê que se diz um par de cuecas se ela é só uma? Não sei, talvez porque é sempre bom partilhar as coisas, mesmo as mais intímas... Mas como não há longe sem distância, e esta última existe, criamos aqui uma tertúlia virtual, em que os km não têm lugar e que por meias, completas ou ausentes palavras contamos o que nos vai na alma ou que simplesmente vai.

quarta-feira, abril 19, 2006

Quarta-feira de cinzas

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A quarta-feira de cinzas é o primeiro dia da Quaresma no calendário cristão ocidental. As cinzas que recebemos neste dia convida a todos a reflectir sobre o dever da conversão, da mudança de vida, recordando a passageira, transitória, efémera fragilidade da vida humana, sujeita à morte. Ela ocorre quarenta dias antes da Páscoa sem contar os domingos (que não são incluídos na Quaresma); ela ocorre quarenta e quatro dias antes da Sexta-feira Santa contando os domingos. Seu posicionamento varia a cada ano, dependendo da data da Páscoa. A data pode variar do começo de Fevereiro até a segunda semana de Março

Alguns cristãos tratam a quarta-feira de cinzas como um dia para se lembrar a mortalidade da própria mortalidade. Missas são realizadas tradicionalmente nesse dia nas quais os participantes são abençoados com cinzas pelo o padre administrando a cerimónia. O padre marca a testa de cada celebrante com cinzas, deixando uma marca que o cristão normalmente deixa em sua testa até o pôr-do-sol, antes de lavá-la. Esse simbolismo relembra a antiga tradição do Oriente Médio de jogar cinzas sobre a cabeça como símbolo de arrependimento perante a Deus (como relatado diversas vezes na Bíblia). No Catolicismo Romano, é um dia de jejum e abstinência.

Sei que estou 49 semanas atrasada, mas de certa forma e dada a quadra festiva e/ou religiosa que passámos, achei adequado chamar ao dia de hoje 4ª feira de cinzas. Não que esteja a lembrar a mortalidade da própria mortalidade, mas sim porque voltei ao quotidiano do comum dos mortais.....sim, voltei a trabalhar!

Não estou triste, nem depressiva, nem chateada, mas confesso que me incomoda cair na realidade outra vez, quando tive uns diazinhos de descanso. É tão bom acordar às horas que quero, não ter horários para as refeições, o autorizar-me a comer “quase” tudo o que me apetece simplesmente porque estou de férias, mesmo que estas sejam só de 4 dias!

Gostei destes dias, foram dias simples passados no campo, onde a vida é orientada pelo sol, não pelo relógio, onde tudo é mais calmo, onde o sol brilha e os passarinhos cantam, onde a vida também é simples, pelo menos para quem está só de passagem, como eu.

Na agenda ainda ficaram mais uns quantos sítios que queria visitar, uns passeios de bicicleta, uns restaurantes que queria ir, mas não me importei, redescobri o campo, tive tempo para mim mesma, e sei que posso sempre voltar, que as verdes paisagens ribatejanas vão esperar por mim, que os sítios e os restaurantes também vão continuar a existir, e o mais importante é que eu estive lá e gostei de estar, aproveitei o momento, o descanso, o dolce fare niente, a lareira e o sol.

Por isso para mim, hoje o dia é de cinzas, o “fogo” da minha liberdade já se apagou, resta-me o que sobra depois de tudo arder, hoje faço o jejum dos dias que passaram e abstenho-me de parte da minha individualidade, que tenho que ceder em prol da engrenagem em que me encaixo para viver. Mas tenho na carteira, um euromilhões feito em Tomar, confesso-me, sou como toda a gente, tenho fé que, um dias destes, o avião estacionado na garagem seja o meu e que possa acordar e dizer, hoje apetece-me ir trabalhar, simplesmente porque quero....