a irmandade da cueca

Porquê que se diz um par de cuecas se ela é só uma? Não sei, talvez porque é sempre bom partilhar as coisas, mesmo as mais intímas... Mas como não há longe sem distância, e esta última existe, criamos aqui uma tertúlia virtual, em que os km não têm lugar e que por meias, completas ou ausentes palavras contamos o que nos vai na alma ou que simplesmente vai.

terça-feira, setembro 12, 2006

Conquistada por uma conquista


Sábado dia da viagem, dos 300 km para longe daqui, mas mesmo para essa desejada distância tive que esperar, o trabalho acumulou, coisas que tinham que ser feitas, alicerçou-me aqui até às 19h, só depois, lentamente cortei os elos de ligação e fugi, rumo à liberdade provisória de uma semana.

Dia 2,Domingo a praia no seu esplendor esperava por mim, a mesma que, centenas de anos antes, tinha assistido impávida e serena à fúria de D.Paio Pires, que libertou tais terras das posses dos Mouros. A fazer jus à sua existência, as muralhas de Cacela Velha observavam-me com desconfiança, por momentos pensei se me estariam a confundir ou se seriam portuenses, a julgar que eu era uma moura e que estava de volta para reconquistar aquele lugar.

Segunda e Terça, explico às muralhas, à vila e à ria, que só quero ser conquistada por elas, gradualmente aceitam-me e passo a fazer parte daquele lugar, como se sempre tivéssemos existido em simultâneo. A anti-rotina torna-se a rotina, acordar, pequeno-almoço, o passeio de barco para atravessar a ria, o chapéu das riscas amigo de todos os dias, os banhos de mar, as sandes de atum, o sumo de frutas, a fusão do corpo com a areia e as ondas do mar, a calma em forma de sono leve, a volta de barco e o começar tudo de novo no dia seguinte.

Quarta-feira, S.Pedro insiste em tomar uma posição, provavelmente cansado de ser a torradeira mor, de todos aqueles que se dedicam a ser torradas por uns dias, chove, o sol fica envergonhado e parece uma criança a esconder-se nas saias da mãe e a espreitar de vez em quando.

Quinta, igual ao início da semana, mas já mais perto do fim.

Sexta, inevitável pensar que só mais dois dias e era expulsa do paraíso.

Sábado, faço tudo como sempre, como se aqueles dias não tivessem fim e fossem para sempre assim, enquanto eu quisesse.

Domingo, a praia diz-me adeus vagamente, entretida já com quem vem tomar o meu lugar, olho para os barcos, barqueiros, para a ria e tudo volta ao início, corto as raízes que criei durante esta semana e rumo ao Norte, 300 km acima há outras coisas que esperam por mim.

2 Comments:

  • At setembro 13, 2006 3:19 da tarde, Blogger Sister Meg said…

    Bem vinda de volta!
    Gostei da descrição das (mini) férias ; )
    Ao que parece, 50% das participantes do blog (eu incluída) não chegou de férias com inspiração, tempo ou vontade de partilhar aqui as suas experiências!
    Mas dos 50% que partilharam, vê-se que o fizeram com gosto e criatividade e isso é bom. Os outros 25% que não o fizeram têm óptimas razões para não o terem feito. Por isso, a única parte que merece castigo em praça pública sou mesmo eu!
    Por isso peço desculpa e prometo para breve um post com retroactivos ; )
    Considerem-se beijadas.

     
  • At setembro 13, 2006 7:04 da tarde, Blogger BlueAngel aka LN said…

    Bela descrição das férias, sim senhora! Valeu a pena passar por aqui. Tb eu adoro praia! :-)

     

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