a irmandade da cueca

Porquê que se diz um par de cuecas se ela é só uma? Não sei, talvez porque é sempre bom partilhar as coisas, mesmo as mais intímas... Mas como não há longe sem distância, e esta última existe, criamos aqui uma tertúlia virtual, em que os km não têm lugar e que por meias, completas ou ausentes palavras contamos o que nos vai na alma ou que simplesmente vai.

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Tolda-se-me corpo e espírito nesta nova modalidade de escrita online. Parece, afinal, que sempre foi, fui assim. A minha mãe costumava dizer resignada: “tão descontraída que ela era e de repente tornou-se uma retraída, uma tímida. Mas porquê?” Também eu não consigo responder, mas parece-me cada vez mais verdade. Retraí-me e retraio-me, a mim e aos sonhos enormes que costumava ter. Alturas houve em que confesso alguma megalomania, mas é por isso mesmo que se chamam sonhos, não têm de ser comedidos. Em sonhos podemos e devemos megalomanar à vontade, é próprio da condição humana. Agora sou parvamente comedida, até (e principalmente) nos sonhos. Não devia.
Em Dezembro tive uma vez mais a prova da minha adquirida timidez. Numa visita a esta loja, deparei-me com o alvo da minha admiração e mesmo sem querer, fiquei aterrada. Aterrada é a palavra certa e tive de abandonar a loja, respirar fundo e dizer a mim própria que aquilo não era normal. Mas a outra parte de mim insistia em ficar ali, envergonhada por lê-la, por acompanhar partes da sua vida e foi tão estranho. Tudo o que consegui foi voltar a entrar, dirigir um olá demasiado corado, comentar que gostava muito do seu trabalho e que a loja parecia incrivelmente mais pequena ao vivo. Que conversa, que treta que sou. Não era nada disto, tinha tanto para elogiar, para comentar... tantos bonecos para abraçar.
E não foi este exemplo que me fez perceber realmente a existência desse meu eu aparvalhado, mas ilustra bem os sentimentos que me assolam de vez em quando. Não sou uma pessoa desinibida e pronto (mas custa-me).
Agora parece que também o meu cueca power relacionado com a escrita se foi, se está a ir e sinto-me presa, verdadeiramente toldada.
Não vou desistir: Quero os meus poderes de volta!

1 Comments:

  • At janeiro 18, 2006 4:40 da tarde, Blogger Sister San said…

    não desistas, eles andam aí,utilizando a teoria do pensinhos higiénicos, que, de certa forma, até se coadunam com o nosso blog, ou melhor complementam-no...um dia quando menos esperares...levanta-se o véu que te tolda o espírito, voltas a sonhar...

     

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