5 palavras para 5 dias que, para mim, descrevem sumariamente Madrid e George Michael !!!!
Madrid
Tenho pena de não conhecer NY, mas pelos comentários que eu fiz de Madrid a pessoas que já estiveram na metrópole das metrópoles, Madrid assemelha-se a essa cidade (pelo menos no meu imaginário, realço), nunca pára, nunca fica sozinha. Qualquer que seja a hora todas as artérias que passam pelo centro da cidade Gran Via, encontram-se entupidas de gente e de carros, vendedores ambulantes, distribuidores de publicidade, as lojas estão sempre cheias, os cafés e os bares de tapas sempre com a lotação esgotada. Gosto de ver, essa gente que cultiva o social, que partilham a vida com alegria e barulho, ao mesmo tempo que picam as suas famosas tapas, sempre com muito tomate, azeite e pimento. Acho que tal como a comida espanhola, os espanhóis sabem temperar a vida deles, não percebo porque é que importamos laranjas espanholas, que por sinal são sensaboronas, e não importamos um pouco da movida que eles têm, fazia-nos bem talvez deixássemos de ser tão quadrados em certas coisas.
As gentes
Profusão de gentes e de estilos, vestem-se de qualquer forma, usam e abusam da panóplia de estilos e de cores, fico na dúvida se qualquer coisa serve ou se se trata de estilos cuidados para parecer descuidados, os cabelos em cortes que cá proliferam, essencialmente, no Bairro Alto, os adereços, as tatuagens e os piercings usam-se com a mesma vulgaridade que se põe um chapéu ou um cinto, a liberdade de se ser quem é, qualquer que seja a opção de vida que se faça.
A noite
LA MOVIDA, as ruas da Chueca estão cheias, parece um Bairro Alto em ponto grande, muitos bares, muitas gentes que, tal como canta o George Michael, defendem o hino “I just wanna have some fun” e de “let´s go outside”. Risos, gritos, conversas em todo o lado, acompanhadas, ou melhor dizendo, bem regadas, de copos de plástico de litro, cheios de rum com limão, caña, vodka, e tudo mais. Curiosamente nem sempre os sítios têm música, mas isso não é importante, quando apetece canta-se ou então a banda sonora é feita pelas vozes dos milhares de intervenientes desta festa que é a noite Madrileña. Por coincidência, chegamos no dia, ou melhor, na noite da Noite Branca, uma mega festa por toda a cidade, onde instituições, como o museu do Prado, entre outros, estiveram abertas até às 3 da manhã, pelas ruas havia diversas actuações de actores e músicos, inclusive na rua onde era o nosso hostal, a melhor forma de descrever a rua é pedir que se imaginem dentro do metro à hora de ponta!!!
Cultura & Arquitectura
Acho que as feiras fazem parte da cultura de um país, aí está origem das trocas comerciais, dos espectáculos de rua, do centro da vida das comunidades, obviamente que hoje em dia o comércio já se encontra disponível 24 horas por dia e que a cultura já ganhou espaços próprios, mas as feiras continuam a ser sinónimo de oportunidades e preços baixos e, numa cidade como Madrid com mais de 3 milhões de habitantes, o Rasta, o mercado semanal de Domingo, junta pelas suas ruas uma parte considerável dessa gente. O Rasta é uma feira similar à nossa feira de Sintra ou de Cascais, a única coisa que altera são as proporções: Portugal está para Espanha, como a Feira de Sintra está para o Rasta, fora isso a oferta é a mesma, roupa, bijutaria, tachos, panelas, velharias, tapetes, pilhas, bonecos, cuecas, soutiens, comida, plantas, sapatos, etc...
Apesar de não trazer nada de extraordinariamente novo, o Rasta foi um bom pretexto para passear por mais umas ruas de Madrid, que a nível de exemplares arquitectónicos são lindíssimas. Madrid tem uma traça constante na sua arquitectura, quase todos os prédios têm o mesmo estilo, finais do século XIX à 1ª metade do século XX: uso de formas geométricas nas fachadas dos prédios, as janelas e varandas trabalhadas, o ferro forjado, as portas de entrada imponentes, e tudo mais ou menos só com 6 andares, vale mesmo a pena ser visto, de passear só por passear, pelo prazer de observar.
Madrid só peca por uma coisa, a ausência de água, acho que tem um rio pequenino a fundo do Palácio Real, o qual não vi e depois pelo meio da cidade vamos encontrando fontes e um grande lago no Retiro, que é o pulmão de Madrid.
O Retiro, é um parque enorme no centro de Madrid, cheio de árvores enormes e espaços verdes,com um grande lago onde se pode andar de barquinho e palco de inúmeros acontecimentos culturais: no dia que estive lá havia um concurso de pintura sobre o parque e na praça central, todas as semanas há um encontro livre de tambores, djambés e outros instrumentos de precursão, que tocam para quem os quiser ouvir.
Mas uma visita a Madrid não fica completa sem se ir ver o Guernica, no Museu Nacional Rainha Dona Sofia. Este museu é composto por uns 5 enormes andares, mas só visitei os 2 que albergam diversas exposições itinerantes, bem como fixas, centrando-se essencialmente em pinturas e esculturas modenas. De tudo o que vi, os mais conhecidos foram sem sombra de dúvida Miró, Dali e Picasso, e, deste último, havia uma enorme exposição, muito à base de estudo prévios que ele fez para o Guernica, a cabeça do cavalo, mulher com lenço, mulher com criança morta....
O GUERNICA, 1ª palavra que me ocorre: imponente, é sem sombra de dúvida enorme, é um quadro carregado de simbolismo e que espelha o desespero que advém da guerra, mas depois esteticamente choca, a distorção das imagens incomoda, provoca dor, mas talvez seja por isso mesmo, por ser tão bom a passar uma emoção, neste caso negativa, que eu não gostei, é um quadro que não dá para ficar indiferente perante ele, que magoa pelo horror que imortaliza.
Gastronomia
Huuuuuuuum , comi bem em restaurantes todos fashion, onde massas e nouvelle cousine se misturam criando pratos esteticamente interessantes e quase sempre bons! Decorações fantásticas em ambientes acolhedores e envolventes.
Circus: noodles, arroz e wok, todos com um toque japonês, e com um cheesecake de frutas tropicais de comer e chorar por mais; comida criativa de fusão Wagaboo: a cozinha está atrás de um vidro, a realçar as pastas frescas feitas na hora à vista de toda a gente, nunca tinha visto ninguém a fazer manualmente taglietelli, é demais!!!; Baazar, a comida deixou muito a desejar para a maioria de nós, doses caras e pequenas, no entanto, comi a melhor sobremesa de chocolate da minha vida – o chocolatíssimo, um pequeno bolo/pudim quente que à 1ª colherada se esvai voluptuosamente em chocolate, encantou-me em todos os sentidos, a não perder numa ida a Madrid.
A realçar ainda a kono pizza (pizza em cone que só vi comer, mas que me disseram ser boa) e o café ou bica, sempre a 1,30€ ou mais, definitivamente café só mesmo por cá!
GEORGE MICHAEL
And at last but not least, o pretexto para ir a Madrid: George Michael!!!! Adorei, foi para mim um dos melhores concertos da minha vida, cantou e encantou-me com a sua voz sensual que quase me fazia acreditar que estava a cantar para mim, não fosse o facto de ser chamada à realidade por uma espanhola que cantava freneticamente atrás de mim e vocês já ouviram um espanhol a falar inglês, agora imaginem a cantar...mas adiante. Foi fantástico o momento em que se abriu o pano, ele entrou em palco e descobri que estava a uns 15 metros de mim e que o via tão bem, a barba grisalha, o brocado do casaco, o sorriso, ai, ai, foi L-I-N-D-O!!!!!!!! Claro que teria preferido uma ou outra canção que ele não cantou, mas no compto geral a grande falha só vai para a ausência do Wake me up before you go-go, como pode não cantar esse ex-libris dos Wham?!? De resto, visualmente o espectáculo foi simples e muito bom, a banda estava dividida por 2 andares e ao centro uma enorme tela complementava com diversas projecções o lado visual do espectáculo, George Michael pouco dançou tendo optado por um grande leque de músicas calmas e nas outras fazia-o de uma forma discreta, fiquei na dúvida se se trataria da postura em palco ou da idade, mas provavelmente esta última se tivermos em atenção os 20 minutos de intervalo. Tivemos ainda um momento alto em Shoot the Dog onde um gigantesco boneco insuflável do George Bush encheu o palco e trazia um amiguinho preso à braguilha, um lindo cãozinho trajando a bandeira Inglesa (seria o Tony Blair?!? ;-) ).
As fotos
Essas vêm depois...