a irmandade da cueca

Porquê que se diz um par de cuecas se ela é só uma? Não sei, talvez porque é sempre bom partilhar as coisas, mesmo as mais intímas... Mas como não há longe sem distância, e esta última existe, criamos aqui uma tertúlia virtual, em que os km não têm lugar e que por meias, completas ou ausentes palavras contamos o que nos vai na alma ou que simplesmente vai.

quarta-feira, julho 26, 2006

Pedaços de dia

Depois de começar o dia rebentando literalmente um portão de garagem, realização que se prevê ocupe parte significativa do plafond suposto para férias, passámos o resto da manhã num amontoado caótico de carros, pessoas e calor que deu origem a uma mega-birra. O pior é que ele tinha tanta razão. Os barcos passavam demasiado lentos e longe para a temperatura que se fazia sentir. Tudo naquela manhã parecia demasiado lento (a fila de carros, a fila para a casa de banho, a fila para comprar uma água) e longe (o estacionamento, os barcos, o café, a casa de banho, a água).
O almoço contemplou a mega-birra parte II que deu direito a salto mortal da espinha do peixe da travessa da mesa ao lado, para espanto do frequentador da mesma.
O caminho até aqui serviu para retemperar forças e lá chegados esteve feliz. Quando se fartou de saltos altos a quatro cascos, serviram de distracção patos em liberdade, pássaros engaiolados e baloiços, num parque onde, ao contrário da desventurada manhã, quase tudo estava perto e fresco. Fez valer o dia.
Da próxima vez que começar o dia a rebentar portões, tranco-me em casa e juro que não haverá quem me liberte da clausura auto-imposta.
Por agora, ficam pedaços do dia...

E vocês? Por onde já andaram?

terça-feira, julho 25, 2006

Depois da onda de calor...

...a onda de azar.
Este último teima em bater-me à porta nos últimos dias, semanas, meses?!
Ou andará a minha cabeça demasiado alta: no ar?
Uma coisa ou outra atiram nos últimos dias o meu ânimo e vontade para níveis muito abaixo de zero e o post que tinha para colocar acerca do ocupadíssimo e quente domingo perdeu-se no caminho.
Amanhã será um novo dia.
Considerem-se beijadas.

sábado, julho 22, 2006

Rosa da Mouraria



Rosa da Mouraria é um espectáculo que se baseia no imaginário do Fado e dos dramas amorosos e sociais a que se encontram associados a este género musical, que é representativo de um modo de vida numa Lisboa de bairros e vielas. Esta história terá como ponto de partida alguns acontecimentos reais, ou pelo menos possíveis no dia-a-dia da cidade.

Acho que esta é daquelas semanas em que faço coisas que já não fazia a algum tempo e o teatro era uma delas, a última vez que fui, foi ver o Avalanche, peça que não mereceu o meus elogios, pois o crédito residia todos nos actores, só por serem sobejamente conhecidos. E assim foi, sem prever e esperar, morta de cansaço, acabei 6ª feira à noite no Teatro Taborda a ver a peça Rosa da Mouraria e não é que adorei!!!

O Teatro taborda, por natureza e localização geográfica, é daqueles sítios que me faz perguntar a mim própria porque não vou lá mais vezes. Fica na encosta de uma das sete colinas de Lisboa (a do castelo de S. Jorge), dando de frente para o Miradouro da Nossa Sr.ª do Monte, o meu favorito, tendo como tapete todo o bairro da Mouraria e mais uns quantos edifício altos da cidade, dos quais só distingo o Sheraton. Quer seja feita de luz ou de sombras, tem uma vista que, no mínimo, só posso designar como encantadora, inspiradora, apasiguadora...

Vista do café do Taborda e respectivo espaço

Esta foi a localização, a peça em si, passa-se em 7 diferentes cantos deste espaço, fazendo o espectador explorar as diferentes salas, "jardins" e arredores a mando das personagens. Só a aragem bastante fresca e a falta de agasalho, é que estragaram um pouco as cenas exteriores. A história é feita de histórias, de gente que poderia ser qualquer um de nós, que tem o seu fado, amores e desamores, por vezes com um toque nonsense e exagerado, brejeiro, gags fáceis (como acho que me rebentaram as àguas e a personagem leva com um balde água em cima)mas que lhe dá a piada. Gostei do ilógico e sem sentido, de como se complica o que podia ser simples e de como existe sempre uma p*** de coisa que aparece, não traz nada de novo e útil,só estorva e que não sai de cena...Uma peça refrescante e que mete, literalmente, muita água sobre o que podia ser a minha, a tua e a vida de toda a gente!

sexta-feira, julho 21, 2006

De volta à idade média e a preceito







E assim é, pela 1ª vez colo-me na blogosfera, isto tudo para contar e mostrar que ontem fui ao Mercado Medieval em Óbidos!
Já não ia para aquelas bandas à milhares de anos, penso que a última vez foi para aí em 91 ou 92, quando fui acampar para Peniche, portanto se não milhares de anos, décadas pelo menos.
Do pouco que vi de Óbidos fora das muralhas, continua tipíca e bem cuidada, casas caiadas de branco, ruas empedradas, flores e árvores curiosas que saiem das casas muradas. O ambiente festivo e bem disposto, ginginhas em copo de chocolate, uma vez que vivemos na época da recilagem e é importante não produzir desperdícios, doces conventuais, pão com chouriço e outras derivações, espadas de madeiras, brazões de família, tearas de flores, tudo isto em ruas enfeitadas e cheias de gente.
À porta do castelo estão uns guardas medievalmente vestidos, modernamente cobrando as entradas, excepto aqueles, que como eu, tentaram reproduzir de alguma forma a época (vide fotografia). Lá dentro os espectáculos de rua, as bancas de artesanato, as mesas corridas, tudo emoldurado num cheiro a fumo, dos grelhados no carvão. O respasto é simples e bom, sopa de "entulho" em taça de barro e colher de pau, no copo de barro a bebida muito em voga na altura Tang de laranja, pão com chouriço, chouriço assado e espetada de carne servida em folha de couve (very fashion) e pão, tudo comido à mão, com direito a lamber, e em público, os deditos gordurosos. Como nestas festas não podia faltar o lado religioso, para finalizar a uma deliciosa doçaria conventual: encharcada de lamber, literalmente, os dedos e chorar por mais...
Depois assistimos ao casamento e resgate da filha do rei, com direito a espectáculo de guerra e de saltimbancos. Tudo isto à média luz das fogueiras e archotes, pois fazendo juz á época, a iluminação era escassa, mas o qb, para vermos o que faziamos mas não, por exemplo, o que comiamos.
Gostei e diverti-me, adoro brincar aos reis e às rainhas (embora eu fosse só princesa) de vez em quando!


quarta-feira, julho 19, 2006

World Jump Day


Amanhã, vamos todos DAR O SALTO!

Desabafos em forma de poesia


"Vem por aqui" – dizem-me alguns com olhos doces,
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho os com olhos lassos,
(Há nos meus olhos ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
– Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha Mãe.

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Porque me repetis: "Vem por aqui"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?
Corre nas vossas veias sangue velho dos avós.
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátrias, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios.
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou,
– Sei que não vou por aí!

Cântico Negro”, do José Régio

terça-feira, julho 18, 2006

Poema do Dia


(...) A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena. (...)
Alberto Caeiro
Dedicado a todos os que, grandes, ainda sentem a criança que habita em cada um de nós e a duas amigas muito especiais que ganharão uma nova criança nas suas vidas em breve.
Imagem via: Eva Armisén
Poema via: Blogui

sexta-feira, julho 14, 2006

Hoje era a mim que apetecia...

Há uns dias foi ele que, contra todas as ordens, expectativas e permissões, se banhou por aqui.
A mãe dele, entre a conversa fugidia e demasiado agradável com alguém com quem não conversava ao vivo há demasiado tempo e a mais deliciosa fatia de bolo de chocolate, disfarçou embaraços e fingiu não ver.
No final, achou que a roupa suplente ia inevitavelmente ser conotada como se aquele fosse um acontecimento previsto. Não era. Mas mãe prevenida… filho seco.
A “amita da mãe” estava fabulosa, igual a si própria, ainda que atropelada de adversidades. Amei cada segundo de risos, disparates, cumplicidades, debaixo de um sol que ameaçava derreter-nos e diante de um pequeno alucinado que ameaçava enlouquecer-nos. Foi bom, muito bom e passou rápido, demasiado rápido.
Porque a mim, apetecia-me prolongar estes momentos, muuuuuito, muuuuuito, não pude deixar de postar.

Já em seco, ficam as imagens...



Bom fim de semana!

Eu sei que é de palha...

terça-feira, julho 04, 2006

Era uma vez... "una uxa má"

Ilustração de Patricia Metola

Os pesadelos e noites loucas voltaram lá a casa.
Desta vez desconfio fortemente de relacionamentos com esta história:

“Ia eu e Jito canh os petos e tata una uxa má iento da iávo. A uxa anetou o ix ao Jito e eu tina una ntota muito iane, muuuuito, muuuuito e ntei a uxa má!” *

Às perguntas de como era a “uxa má” foi-me dito que estava vestida de “côdejota” obviamente porque se é “una nina”, só podia trajar indumentária de tal cor e claro, “tina una xôta”, todas as bruxas têm vassoura (mãe ingénua), à parte tentar explicar que uma bruxa pode não ser obrigatoriamente má, que apertar o nariz de um menino é mesmo o máximo de maldade que uma bruxa má escondida numa árvore consegue praticar, apresentei-lhe as duas “uxas” boas que temos lá em casa. Penduradas no tecto, cada uma na sua vassoura, passam pelos vistos tão discretas que parece que nunca tinha reparado nas ditas. Concordou na versão da sua bondade, gostou das vassouras e apenas questionou o facto de não trajarem de “côdejota”, afinal, também aquelas são “ninas” e ainda por cima simpáticas…

* “Eu e o Rodrigo íamos à sala buscar os chapéus e estava uma bruxa má dentro de uma árvore. A bruxa má apertou o nariz ao Rodrigo e eu tinha uma pistola grande, muito, muito e matei a bruxa má!”

segunda-feira, julho 03, 2006

Vazia...

...foi como vim do Domingo.
Amanhã terei outro ânimo.